Quando comecei a trabalhar aqui em França foi na dita cuja empresa onde já não estou.
Foi tudo muito rápido entre enviar a candidatura, ser contactada para ir à entrevista, a entrevista e começar a trabalhar. Todo este primeiro processo foi com uma pessoa responsável por gerir a agenda dos e os trabalhadores. Depois lá fiz umas horas com a colega que iria substituir durante todo o mês de Agosto.
Quando me lancei aos bichos a trabalhar sozinha, sem qualquer tipo de orientação para um trabalho que não era "a minha praia", apareceu uma colega maravilha para me dar uma "mãozinha" de vez em quando e a quem eu encomendava os produtos em falta e reportava todas as anormalidades que pudessem acontecer. Essa colega maravilha era super gentil, engraçada, comunicativa e ajudava-me sempre que aparecia e via que eu estava um pouco atrasada, por ainda não ter o tal sentido de orientação para aquele trabalho.
Quando a outra colega voltou de férias, fui rapidamente posta a trabalhar noutro sítio que seria só meu, porque era uma óptima trabalhadora. Uma enorme área onde eu poderia gerir como fazer as coisas da melhor forma e onde ninguém poderia meter problemas, excepto a colega maravilha.
As avaliações corriam sempre bem. Eu era uma óptima trabalhadora. Tudo corria bem, excepto algumas avarias numa certa máquina, em que ainda me tentaram meter as culpas. Mas eu continuava a confiar na colega maravilha! Até ao dia em que eu cometi um erro, ela viu, disse-me para fazer assim porque não iria haver algum problema e eu confiei nela.
No dia seguinte recebi um telefonema da pessoa responsável por gerir os trabalhadores, a avisar-me de que tinha cometido uma falta grave e de que iria receber uma notificação pelo correio. Dias depois recebi uma convocatória para me apresentar na sede da empresa para ter uma reunião com o gerente e apresentar as minhas justificações por ter cometido tal falta. Falta essa que poderia levantar uma sanção - desde um processo disciplinar até ao despedimento, passando por uns dias de suspensão do trabalho ou do salário.
Engoli em seco e jurei que a colega maravilha nunca mais me iria ver os dentes.
Uma vez que levantei os argumentos certos no decorrer da reunião com o gerente da empresa, acabei por levar apenas um processo disciplinar. O que não é "apenas um processo disciplinar", porque no dia em que uma futura empresa onde possa trabalhar se lembrar de pedir referências, esse "apenas um processo disciplinar" vai lá estar, independentemente das causas, não deixa de ser uma porcaria.
A partir daí a colega maravilha evitava ao máximo de se cruzar comigo. Até ía às 5h da manhã deixar as encomendas, só para não nos cruzarmos, quando antes ía sempre no meu horário para falarmos um bocado. Eu agradecia não meter-lhe a vista em cima, porque sabia que não iria correr bem.
No dia em que ela apareceu lá para me fazer mais uma avaliação, deu-me uma avaliação tão má como nunca tinha tido antes, sem razão para tal. Começou a levantar suspeitas sobre a minha tendinite, a falar-me das férias que eu não iria ter impossibilitando-me de ir ao baptizado do meu sobrinho e outras coisas tais.
Eu abri a boca e não deixei nada por dizer.
Deixaram-me ir de férias apenas uma semana, não me deixando ir, ainda assim, ao baptizado.
Poucos dias depois enviaram-me uma carta a modificar os meus horários, sabendo de antemão que não eram compatíveis com o meu trabalho principal, logo teria de recusar.
Recusei e fui despedida.
E não fui ao baptizado do meu sobrinho nem sou madrinha dele por causa destes grandes camelos.
Obrigada colega maravilha. Lá maravilhas sabes tu fazer!